Quantas casas decimais devem ser usadas em porcentagens?

 

Quantas casas decimais devem ser usadas para expressar resultados percentuais em artigos científicos?

Esta é uma questão que atormenta pesquisadores em inúmeras áreas, particularmente quando o cálculo resulta em dízima periódica. Convém usar menos casas e arriscar-se a parecer impreciso? Ou optar por três ou quatro e soar pernóstico (e, ainda assim, continuar inexato)?

Björn Gustavii, autor de um livro sucinto e muito prático sobre redação científica (How to write and illustrate a scientific paper; Cambridge University Press), traz recomendações bastante sensatas:

  1. Se o número total de elementos é inferior, digamos, a 25, não se devem usar porcentagens, absolutamente.
  2. Se o número total vai de 25 a 100, as porcentagens devem ser expressas sem decimais (por exemplo, 7%, não 7,2%).
  3. Se o número total vai de 100 a 100 000, pode-se acrescentar uma casa decimal — e apenas uma (7,2%, não 7,23%).
  4. Somente se o número total exceder 100 000 é que se podem acrescentar duas casas decimais (7,23%).

Estas orientações convidam a refletir sobre como é forte nossa tentação pela exatidão, mesmo quando desnecessária para a percepção da enormidade (ou microscopia) dos eventos. (Todo leitor tem noção de que, digamos, três pacientes de um grupo de apenas 10 perfazem algo entre um quarto e um terço do total.)

Felizmente, o bom senso parece saber fazer suas boas contas nas pequenas escalas, e o livro de Björn Gustavii é agradabilíssima e instrutiva leitura, com soluções elegantes para diversos tópicos essenciais da redação científica.